Autor: Pr. Levy Conde
Assunto: Joio e Trigo
Nestes últimos dias, ouvi falar diversas vezes sobre Joio e Trigo e vice versa. Ouvi esse assunto de pessoas pelo menos de aparente experiência e qualificação bíblica para se manifestarem sobre o assunto, como também ouvi alguns aparentemente leigos. De certo modo achei até hilário aquilo que escutei. Comparações infantis feitas em relação a servos de Deus, classificados de Joio pelo simples fato de não terem tido oportunidade de estudar mais um pouco.
Vejamos: “Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou a semente no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se. E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio.”
Quando os servos viram o joio crescendo juntamente com o trigo, imediatamente perguntaram a seu senhor se este gostaria que o joio fosse arrancado. A resposta foi negativa. O senhor da seara deu-lhes instruções para que assim deixassem até a época da colheita, quando então teriam oportunidade de colher primeiramente o joio, atá-lo em feixes e queimá-lo.
Um fato interessante que ocorre entre joio e trigo, é que quando ambos estão crescendo, a haste, as folhas, a cor e até a direção para onde ambos pendem, parecem gêmeas. O leigo dificilmente conseguiria identificar uma da outra, até que chegasse a fase da frutificação. Aí sim, no amadurecimento da planta, muitas mudanças significativas acontecem e a diferença se torna gritante. Essa planta gramínea tem realmente uma semelhança muito grande com o trigo.
No amadurecimento da planta, o trigo se torna de um tom amarelado até chegar ao tom palha, enquanto o joio permanece no seu verde sumo, com rajas mais claras, forma-se em pendão, elevando-se altivo, apontando para o céu, enquanto o joio se esparrama desfigurado perdendo totalmente a sua forma original. A raiz do trigo, embora ele também seja da família das gramíneas, cresce para baixo, mas com pouca profundidade facilitando a sua colheita. O joio por sua vez se alastra sorrateiro, se imiscuindo entre as raízes alheias; por fim quando vêm os frutos mais destaque se dá às diferenças: o trigo explode de dentro para fora em belos cachos de sementes todas postadas em incrível ordem formando um belo pendão. O joio por sua vez, produz umas bolotas enrugadas que de tão imprestáveis que são, caem dos seus ramos antes mesmo de amadurecer.
O trigo sim, é a base mais perfeita e importante de alimento de todos os tempos e em todas as culturas, o pão.
Aquele que é o pão da vida, Jesus de Nazaré, disse que enquanto vivermos o tempo da oportunidade da graça, o joio estará no meio do trigo. Não compete a nós arrancá-lo, pois, isso fazendo, poderemos arrancar junto o trigo.
Temos dificuldade de entender como que pessoas que tiveram oportunidade de estudar, possuem formação teológica e secular a nível superior não consigam entender essa diferença entre joio e trigo. Fazem comparações absurdas até certo ponto declarando que a simples falta de um documento de formação teológica torna o cidadão ou o ministro um “joio” em meio aos demais. Quantos ministros do Senhor Jesus que hoje estão atuando em grandes e pequenas cidades, verdadeiros ganhadores de almas, homens simples, humildes, de pouca formação são cheios do poder do Espírito Santo, pregam grandes sermões, proferem palavras inspiradas, expulsam demônios, curam enfermos em nome de Jesus, e que não possuem um diploma de teologia, são por acaso “joio”? (o grifo é nosso). Conheci muitos que hoje descansam na glória que nunca possuíram um curso teológico, mas possuíam a verdadeira unção, Poderíamos citar os Pastores João Braz da Silva, Francisco Vaz de Abreu, Raimundo José do Nascimento, José Caetano Alves, José de Souza Reis, José Menezes, Francisco Pereira do Nascimento, José Pinto de Menezes e muitos outros. Homens que abriram grandes Igrejas presidiram grandes campos de trabalho, fizeram muitos discípulos (sou um desses discípulos), será que todos esses abnegados servos do Senhor eram joio? Nenhum servo fiel e obediente, nenhum pregador do genuíno evangelho do reino, pode ser comparado ao joio. Fazer essa comparação e desrespeitar o homem, sua chamada, sua vida correta e sua dedicação ao Mestre, enfim, sua vocação.
Tenhamos muito cuidado, pois vem aí o grande dia da colheita divina. Que todos nós servos do Altíssimo sejamos Trigo e nunca Joio.
Que nossa conduta seja ilibada, que assim como o trigo se curva, nós também saibamos nos curvar com toda humildade para assim sermos cada dia mais abençoados pelo Senhor da seara que saberá claramente distinguir quem realmente é trigo e quem é joio.
Deus nos abençoe e até quinta que vem.
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